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"Achei que não ia escapar": Eliana Victorio conta como foi a sua luta pessoal contra a covid-19

Por: EDSON MOTA
Jornalista conversa com a reportagem do VER AGORA sobre os dias de luta contra o coronavírus em um leito de hospital

Foto: Reprodução/Instagram

20/08/2020
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Era o final da manhã do dia 6 de agosto de 2020. A jornalista e apresentadora Eliana Victório, que passou a noite com o marido em um hospital no dia anterior, começou a apresentar alguns sintomas e decidiu ir em um hospital particular do Recife só por garantia. Esperava passar 40 minutos no local e, logo depois, estaria em casa, pensava. O que não imaginava é que os 40 minutos se transformaram em longos 13 dias de muita luta — e 18 convivendo com sintomas — contra a covid-19 e que culminou, nessa quarta (19), com a alta hospitalar da batalha contra um inimigo invisível e mortal.

Eliana já estava em casa, descansando, quando atendeu gentilmente à reportagem do VER AGORA. A voz ofegante, resultado provisório da luta que ela travou, carregava consigo a consequência do enfrentamento à doença quando estava no hospital. “A médica me informou que vou ficar assim por uns dias e pode ser que demore umas duas semanas. Estou me cansando com muita facilidade”, conta.

Ela contou que um dia antes passou a noite em um hospital com o marido, que se recuperava de uma cirurgia. Quando amanheceu, já com uma certa indisposição, decidiu ir ao hospital. Estava tão confiante de que seria um evento rápido que apenas, nas palavras dela, jogou “o celular dentro da bolsa”, tomou apenas uma água de coco no dia (porque estava sem apetite) e foi em busca de atendimento.

A apresentadora revelou que começou a se sentir mal no hospital e a médica disse que ia precisar realizar um novo exame em Eliana. Mas sentenciou: ela estava com Covid-19. E a avisou que já ia ficar internada naquele dia. Lá se foram os 40 minutos imaginados.

Ela, que já era hipertensa, relata ter sofrido ainda mais enquanto os sintomas avassaladores da doença começaram a surgir. “Minha pressão chegou a 20 por 9 e tive febre por três dias e meio. Em alguns dias cheguei até a ter delírios. Foi uma experiência muito ruim”, disse Eliana.

Isolada em um quarto relativamente bom (segundo ela, era possível tomar banho de sol das janelas do quarto e ver praticamente todo o início de Boa Viagem e, ao longe, o Ibura), os médicos e enfermeiros que ali entravam tentavam lhe animar a reagir. “As técnicas de enfermagem me incentivavam o tempo todo a comer. Aí, quando achava que estava melhorando, o vírus vinha e me dava uma rasteira”, lembra.

Seu marido também foi diagnosticado, mas, ao contrário dela, teve apenas sintomas leves, como a perda do olfato. De acordo com ela, se não fosse por isso, nem saberia que esteve infectado.

A fé era o que a sustentava nos momentos mais difíceis. Quando não tinha mais a quem recorrer, pedia socorro a Deus e chegou a pensar que não conseguiria escapar. “Eu clamava ‘meu Deus, me ajuda’ enquanto estava lá. Achei que não ia escapar". Deitada em seu leito, conta que o pior lugar que ficou no hospital foi em um local que a unidade de saúde separou para os pacientes da Covid-19. Local esse que ela teve que ficar na última noite antes da alta. “Você mal via a luz do sol ali. E eu comecei a pensar como seria estar ali durante 13 dias ou como as outras pessoas conseguiram passar”, lembra.

REAÇÃO

A reação dos fãs e amigos, que procuravam saber durante todo o tempo sobre o estado de saúde dela, a motivou em meio à luta. “Não esperava ver tanto carinho e tanta preocupação das pessoas. Às vezes pensamos que estamos sós ou que poucos se importam conosco e, de repente, vivi uma experiência dessa e tinha muita gente orando por mim. Tinha gente que eu nem sabia como soube e, mesmo assim, agradeci”, conta, aos risos.

Por causa das sequelas da Covid-19, Eliana Victório, além da falta de respiração, as pernas e as costas carregam as dores de um “inimigo invisível”, como ela intitulou. “Nem respirar fundo eu consigo. Você fica com receio e o corpo só pede cama”, explica.

Passado o susto, fiz aquela velha pergunta clichê que praticamente todos os jornalistas fazem: “como é que você sai dessa batalha agora?”. A resposta, ao contrário da pergunta, fugiu do clichê. “Passei, no total, 18 dias com sintomas. É uma vitória! Eu venci! Muita gente ignora os riscos que o coronavírus traz, não dá a devida atenção a isso. Te garanto que nunca me senti sozinha durante o tempo que estive internada. Deus me fortaleceu. O tempo que eu ia ficar ali era pra refletir sobre minha vida, meus planos e que eu podia ficar tranquila quanto a isso”, conta.

“Sou a Eliana que valoriza uma busca pela qualidade de vida. Sempre fui muito chata com higiene desde antes da pandemia e, infelizmente, vivemos em um País que não se ensina educação doméstica. Pode ter certeza de que vou ficar mais chata no quesito limpeza”, conta, aos risos, alguém que se agarrou na fé quando tudo parecia perdido. “Saio muito mais agradecida a Deus”, completa.

De 6 a 19 de agosto pode ter sido um período comum para muitas pessoas, mas para Eliana Victório, uma das mais conhecidas apresentadoras da televisão pernambucana, esse tempo também pode ser conhecido como “renascimento”.

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