Comandante Zezinho, presente!

Foto: Reprodução internet
Por Luciano Siqueira
Outro dia foi Moacir, torneiro mecânico, líder metalúrgico, dirigente do PCdoB em Pernambuco. Lúcido e decidido combatente por décadas.
Hoje, José Inácio Barbosa, de origem camponesa, sindicalista no início dos anos 60, também dirigente estadual do PCdoB.
Zezinho, como todos o chamamos (Manezinho para os baianos, onde militou na clandestinidade no duro tempo da ditadura militar), aos 85 anos resistiu até o último instante. A Covid-19, conjugada a enfermidades crônicas, finalmente o subjugou.
Zezinho e Moacir, guerreiros sempre. Daqueles cuja presença em nossas fileiras inspira um permanente chamamento à luta.
Pois o PCdoB é assim: feito da teoria científica marxista, descortino programático, sagacidade tática, compromisso com a classe e o povo e múltiplas vivências pelos tortuosos caminhos da História.
E por gente como Moacir e Zezinho.
Procuro em meus arquivos uma foto de Zezinho e em todas as que encontro vejo estampada no seu rosto a alegria de viver e de lutar. Opto por uma em que estamos juntos ele, Luci e eu numa das últimas manifestações de rua no Recife, pré-pandemia. Ele sorridente, braço erguido e punho cerrado.
Em nossas reuniões, invariavelmente era aplaudido e saudado com o grito de guerra “Zezinho, guerreiro/do povo brasileiro!”
Pronunciava-se manuseando anotações feitas em letra oscilante, à semelhança de um traçado de eletrocardiograma. Ideias centradas, ditas em tom entusiasmado.
Num dos Congressos do PCdoB, creio que o 8º, um dos nossos quadros dirigentes nacionais da época expôs na tribuna ideias discrepantes da linha geral do Partido. No plenário divisei a figura de Zezinho a sair do seu lugar, percorrer todo o ambiente até me encontrar numa das últimas filas:
“- Por que isso, camarada?”, me arguiu, preocupado com a unidade partidária.
De certa feita, na sede do Partido no Recife, o camarada Renato Rabelo me pedira notícias dele:
– Bem, como sempre; mas nos últimos dias anda enfraquecido por uma gripe muito forte, respondi.
Mal terminara de falar, entrou na sala o “comandante” Zezinho, bandeira do PCdoB à mão. Perguntamos pela sua saúde:
- Camaradas, fui ali numa passeata nos Coelhos, fiz uma agitação, já estou melhor!...
Tal como Moacir, que padecia de doença respiratória crônica, Zezinho jamais se deixou abater pelas dificuldades.
Para ambos valia o dizer de Diógenes Arruda: “a revolução será uma festa de pão e rosas”.
(publicado originalmente em http://lucianosiqueira.blogspot.com/)
* Luciano Siqueira é Médico pela UFPE, ex-deputado estadual, ex-vice-prefeito do Recife e militante histórico do PCdoB.
Notícias Relacionadas
- Por REDAÇÃO
- 08/02/2021
Pernambuco em Primeiro Lugar
O artigo de Pedro Leonardo Lacerda aborda o protagonismo alcançado...
- Por REDAÇÃO
- 25/01/2021
2022 E A ELEIÇÃO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS
Neste artigo, o advogado Pedro Leonardo Lacerda analisa os efeitos da...
- Por REDAÇÃO
- 21/01/2021
Comandante Zezinho, presente!
Crônica de Luciano Siqueira, registra a dor da perda de Zezinho...
- Por REDAÇÃO
- 18/01/2021
“A NOVA FORÇA POLÍTICA DE PERNAMBUCO”
Neste artigo, o Dr. Pedro Leonardo Lacerda discorre sobre o poder de...
- Por SIDNEY
- 17/01/2021
Crime? Direito? Entenda o imbróglio envolvendo o Whatsapp
2 bilhões de usuários obrigados a aceitar novas regras do Whatsapp:...
- Por SIDNEY
- 30/12/2020
Sidney Nicéas: 20/21 de almas-sebosas e almas lavadas
A última crônica do ano de Sidney Nicéas traz uma memória e...