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Opinião

Conexão RJ: Solidário a Djavan

Por: SIDNEY NICÉAS
Num poema-crônica, Renato Sousa brinca com a amiga que vive nele - e flerta com as músicas de Djavan.

Foto: Averie Woodard/Unsplash

30/06/2022
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*por Renato Sousa

 

(Dedicado à minha amiga Ametista)

 

Minha amiga está tão dentro de mim

Que mal consigo me vestir.

Quando desperto pela manhã tenho que acordá-la também, 

Ela está sempre atenta, gosta de me provocar,

Atiçada, maltratada pelos vidros da vida,

Ela é sincera, mas vive acuada dentro de mim.

Com seu jeitinho todo especial,

Ela me remete sempre a Djavan – Ela adora um se!

 

Minha amiga, embora presa, está disposta a fugir,

Ante qualquer sinal vermelho mais demorado,

Ela não hesita em avançar pelos lados,

Minha amiga não tem nada de fada, ela mal tem namorado,

Mas ela insiste em zero a zero, enquanto eu quero um a um,

Solidário a Djavan, eu questiono minha amiga,

- Você, apesar de ser minha, sozinha, só minha, 

Por que você adora um se?

 

Minha amiga está tão entrincheirada dentro de mim

Que às vezes nem consigo encontrá-la facilmente,

Ela se esconde em minhas veias, em meio ao sangue-quente, 

E não tenho como detê-la próximo ao meu coração,

Ela escapa, nem imagina o sol que aquece aqui dentro,

Até tento, mas é impossível represá-la,

Apesar de meiga, ela vive de mãos dadas com o não,

E me remete ao frio, que vem lá do Sul! Djavan, sem perdão!

 

Às vezes, me chamusca, me assusta, me ofusca

(um misto de coisas malucas),

Às vezes me arranha, me confunde, de noite, de dia,

Adora brincar de esconder, vestido transparente, me mata de sede, 

me envolve em sua teia, depois um balde de areia!

Minha amiga é um rio revolto em minhas veias,

Ela é ligeira - Djavan bem que pediu desesperado,

São Jorge me empresta o dragão! Estou quase nessa, de horror!

 

Minha amiga entrou dentro de mim e agora não consigo tirá-la,

Tento levantar minha camisa e segurar-lhe a mão,

Ela rastreia meu corpo, foge em toda direção,

Seus cabelos longos são portas de louca imaginação,

Ela remexe tudo e em tudo provoca uma tentação,

Eu amo minha amiga, mas ela é só, só, agradável confusão!

Djavan sem chão - Eu levo a sério, mas ela só disfarça!

 

Minha amiga dita o ritmo da minha pulsação,

Acelera, diminui, acelera de novo, fico na contra-mão.

Minha amiga provoca na minha calmaria uma erupção,

Impossível evitar minha desconstrução, 30 de junho, dia da maldição,

Minha amiga, ametista, me desmonta aos pedaços sem compaixão,

Ela é linda, doce, divertida; ela é só e só e só. E ainda, como diria Djavan,

- Mais fácil aprender japonês em braile do que ela decidir se dá ou não!

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Prof. Renato Ferreira de Sousa é administrador, professor da Universidade Federal Fluminense, gestor de carreiras e mentor de talentos. 

https://www.instagram.com/profrenato.sousa/ 

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