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Saúde

Agosto Dourado e a romantização da amamentação

Por: BRUNELLA SOBRAL
O leite materno é o alimento mais completo que existe. E contar com ajuda profissional pode diminuir dificuldades no processo de aleitamento.

Foto: Arquivo Pessoal

13/08/2020
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Agosto é o mês em que nossas redes sociais são inundadas com fotos perfeitas, eu diria quase poéticas, e declarações de amor à amamentação. A importância do leite materno é inegável. É o alimento mais completo que existe. Enquanto o bebê se alimenta exclusivamente dele, não precisa de mais NADA. Sim, nada mesmo. Não caia na conversa daquela tia que acha que o seu filho de 3 meses “tem que” tomar suquinho, água, mingau pra dormir a noite toda.


Mas, precisamos desmistificar e parar de romantizar o ato de amamentar.


E, entenda, não ouvir sininhos de amor quando amamenta, não é ser contra o aleitamento. O meu filho mamou exclusivo até os 6 meses e continuou no peito até 1 ano e 2 meses, mesmo já se alimentando super bem. Não tive nenhum problema, eu só não amava dar de mamar. Nunca escondi de ninguém. Mas também nunca abri mão de dar a ele toda a proteção que o leite materno proporciona.


Perdi as contas de quantas pessoas já viraram a cara e me julgaram enquanto me ouviam falar isso. Porque um dos padrões impostos pela nossa sociedade é que a mulher precisa se sacrificar e se doar ao máximo ao bebê. E achar tudo maravilhoso.


“Amamentar é um ato de amor”, eles dizem. Como se não gostar disso te fizesse menos mãe ou como se você amasse menos o seu filho. Entende a carga mental que é colocada na mulher, em pleno puerpério, cheia de inseguranças?


O que nem sempre te contam sobre o assunto, é que amamentar pode não ser instintivo. Exige doação, preparo. Pode doer, pode te machucar, física e emocionalmente. Sem falar na exaustão .E que, apesar do que parece nas redes sociais, você não é a única que passa por isso.


Nessa hora, ter uma rede de apoio é essencial. Se as coisas não estiverem bem, não tenha vergonha de pedir auxílio.


“Solicitar ajuda profissional nas primeiras dificuldades, não esperar agravar”, é o conselho da terapeuta ocupacional Ana Carina Lima para que a experiência não se torne um trauma para as mães. “Uma das principais queixas que escuto é em relação ao bebê buscar muito o peito, faze-lo de ‘chupeta’. Mas o que acontece é que o bebê tem uma necessidade de sucção importante, não nutritiva, que é fundamental para o amadurecimento psíquico”, completa.


Ana Carina lembra também que as mudanças hormonais durante o puerpério são um fator a mais de atenção. “Durante a gravidez, a preparação para a amamentação é ler bastante, buscar grupos de ajuda, reunir informações sobre o puerpério e baby blues”, diz, se referindo à famosa depressão pós parto, muito comum entre as mulheres e que pode ser mais um dificultador.


“Se permita sentir tristeza, autocompaixão e ser menos autocrítica. E utilizar o mantra da maternidade: vai passar! As primeiras semanas são mais difíceis, ainda é um processo de aprendizagem e adaptação tanto da mãe quanto do bebê. Mas depois vem a praticidade e os momentos prazerosos da amamentação”, lembra a terapeuta ocupacional. Segundo ela, há estudos que relatam que a amamentação ganha estabilidade entre a sexta e a oitava semana.


O trabalho de consultoria de Ana Carina vai desde a preparação ainda durante a gestação até orientações sobre pega, posicionamentos, massagem e ordenha, pós nascimento. Ela também ajuda com a volta das mães ao trabalho e o desmame gentil.


Reitero que sou totalmente militante do aleitamento. Mas tenho muita consciência de que faço parte da minoria das mulheres que não sentem nenhuma dificuldade para amamentar. Tenho quase certeza de que só foi assim comigo porque eu sabia, desde a gravidez, tudo que poderia acontecer. Li bastante, ouvi vários relatos. E me preparei bem tanto para dar certo, quanto para dar errado. E é por isso que faço questão de sempre falar sobre o lado B.

Conheça alguns benefícios da amamentação:
- Crianças amamentadas exclusivamente por 6 meses, têm risco 20% menor de apresentar leucemia.
- Estimula e fortalece a arcada dentária.
- Reduz o risco de doenças alérgicas.
- Diminui a possibilidade de sobrepeso, obesidade e diabetes tipo II.
- Mulheres que amamentam têm menor risco de ter câncer de mama, ovário e endométrio.


Saiba mais sobre o Agosto Dourado
O Agosto Dourado, foi instituído no Brasil através da Lei 13.435, de 2017. A cor dourada foi escolhida pela referência da Organização Mundial de Saúde - OMS para o leite materno: alimento padrão ouro para a saúde dos bebês. Em 2020, o tema é “Apoie o Aleitamento Materno por um Planeta Saudável”, e discute sobre o impacto da alimentação infantil no meio ambiente/mudança climática além de proteger, promover e apoiar o aleitamento materno para a saúde do planeta e de seu povo.

 

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